Páginas

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Capitulo 9


Os raios de luz passam entre as frestas da janela atingindo o rosto de Gabriel por vários momentos, incomodado coloca a mão direita no rosto protegendo os olhos que ardiam com a claridade, observa ao redor, um lugar estranho, levanta o tronco ficando sentado na cama, um quarto, vários brinquedos e fotos por todos os lados, deveria ser um quarto de criança ou de uma jovem mulher, percebeu a direita num pequeno sofá um homem dormindo tranqüilamente, levantou-se e andou ate próximo do homem, apertou os olhos, o que significava aquilo, sentia que era seu irmão mais novo com um semblante de velho, ficou por vários minutos pensativos na frente do sofá, tanto quem nem percebeu Murilo acordado, apenas levantando-se e dando lhe um abraço afetuoso.
-Gabriel meu irmano , finalmente acordou , pensei, pensei que não o viria assim na minha frente nunca mais em vida.
Gabriel emocionado e cada vez mais confuso retribuiu o abraço, sentia seu irmão, seu coração o fazia acreditar, tocou com a mão direita no rosto de Murilo e andou calmamente ate a janela abrindo à persiana e deixando o ar entrar nos pulmões, recostou na janela e contemplou o belo horizonte. Murilo ainda muito emocionado voltou a se sentar no sofá.
-Murilo, preciso tomar um banho, depois peço que me conte tudo o que esta acontecendo, principalmente aquilo que fiz ontem à noite.
Murilo vai ate o guarda roupas e retira uma toalha entregando para Gabriel, antes de sair do quarto orientou onde ficava o banheiro.
-Gabriel meu irmão, estou feliz por você estar aqui, vou te contar tudo que sei, e você ficou dormindo desta vez por cinco dias ininterruptos, cheguei a pensar que não acordaria mais.
Gabriel virou para Murilo e apenas sorriu cada vez mais sua mente entrava em colapso e mais essa revelação. Gabriel adentra o banheiro, retira suas roupas, liga o chuveiro deixando a água gelada cair no corpo, uma sensação confortante, suas forças estavam mais que revigoradas, podia sair correndo por todos os lados agora mesmo. Em dez minutos termina o banho, pega sua toalha e deixa o banheiro, desce as escadas calmamente, encontrou Murilo sentado no batente da porta olhando para o céu, lembranças, os dois sempre faziam isso, continuou a secar os cabelos e aproximou um pouco mais de Murilo que girou rapidamente arremessando uma maça para Gabriel que a pegou com facilidade, logo sentou ao lado de seu irmano que o recebeu com grande alegria e satisfação.
-Bem Murilo me conte tudo que aconteceu, e porque você esta com essa cara de velho e eu ainda continuo assim com essa aparência de meus vinte e quatro anos?
-Olha mano, pra começar você estava dormindo não apenas por algum tempo, no dia que acordou e aconteceu toda aquela loucura fariam dezoito anos que estava repousando em coma, foi bem no dia que minha filha Rebeca nasceu você nunca apareceu ate encontrar você naquele estado , dizem que sofreu um violento acidente de moto e quase faleceu , foi um milagre.
Gabriel estacou, arregalou os olhos de surpresa, então era isso , agora entendia o semblante de seu irmano , sorriu, Murilo tinha uma filha, um sentimento de curiosidade e alegria bradava em seu coração.
-Há dezoito anos o mal atingiu a terra, dizem que os espíritos malignos foram soltos entre nós, eles nos atacaram possuindo nossos corpos e aprisionaram nossas mentes, cerca de setenta e cinco por cento da população do Brasil sucumbiu a esse trágico destino, hoje nos dividimos em doze grandes centros distribuídos pelo território, estamos no estado das Minas Gerais, se chama Nova Brigada, mais precisamente onde um dia foi Ouro Preto, essa e a menor e mais escondida cidade existente, aqui e onde iluminados como você repousam em longo sono. Quando acordou deve ter percebido que haviam vários tanques ao seu redor, eles são um total de sete pessoas hoje, dizem que todos são anjos guerreiros dos céus. Bem, eles começaram a destruir todos, o pais, o mundo todo virou um caos e por fim nos chegou uma mensagem desastrosa, Nova York, Buenos Aires, Madrid e Roma foram varridos do mapa por conseqüência de inúmeras bombas atômicas jogadas contra as principais cidades do mundo, instantes depois quase toda nossa tecnologia parou de funcionar, apenas manualmente podemos utilizar alguns armamento e equipamentos , não sei , apareceu ate boatos que todos os satélites em volta do planeta foram destruídos.
Gabriel andava de um lado para o outro comendo uma maça verde e ouvindo com atenção a historia de seu irmão.
-Como posso dizer, eles tornaram-se o que chamamos de vampiros, nossa única vantagem contra eles são que eles nos atacam somente durante as noites, as lendas são verdadeiras, cadáveres nem vivos nem mortos andando por ai.
Gabriel sente uma pausa na historia de Murilo e adentra a casa deixando a toalha próxima do fogão de lenha que ainda esquentava um bule de café, pega outra maça e volta para o batente da frente da casa com intuito de ouvir a continuação da historia.
-Murilo, o que você pode-me falar sobre os iluminados ou anjos que você citou alguns minutos atrás?
-Bem, eu só conheço um deles pessoalmente, seu nome e Klaus, ele vive aqui conosco e nos protege contra os demônios, ele e muito forte e esperto, bem o Klaus me contou que os anjos dividem as suas existências com os homens que servem de abrigo para suas almas, eles os dão poder e informações para lutarmos contra os demônios, por isso a personalidade da pessoa escolhida não muda ela pode ser apenas influenciada, você deve conversar com ele, vai ser esclarecedor.
-É Murilo, isso pode ser verdade, por isso que tenho tantas batalhas antigas rondando na minha cabeça, parecem filmes, mas ate agora nada se encaixa.
-Certo, há também uma coisa pior que isso Gabriel, existem também os anjos das trevas, eles são conhecidos como caídos, já me deparei com três destes monstros quando eu ainda morava em Nova Liberdade, eles destruíram quase todas as defesas que tínhamos, eles mataram por volta de duzentos e cinqüenta homens e vários ainda ficaram feridos, nos salvamos porque havia vários anjos de luz entre nós, nunca havia visto uma carnificina daquelas antes, bem ate uma semana atrás quando você fez tudo aquilo sozinho e de tal maneira. Aqui nós somos pouco atacados, o local preferido e mesmo Nova Liberdade, nossa maior cidade, aqui geralmente ficamos um mês ou mais, o estranho e que no dia que você acordou eles já haviam atacado há três dias, causando grandes baixas para nossas defesas, cerca de cem pessoas morreram e umas quarenta foram levadas, dizem que existe uma grande prisão no centro da cidade, a Nova Liberdade que falei fica situada no que era conhecida antigamente como Alphaville, quase ninguém que se aventurou no antigo centro, pros lados da Paulista, Brigadeiro ou por aqueles lados voltaram para contar alguma coisa além de terror e muito medo.
Gabriel continuava a andar de um lado para o outro, cada vez mais a historia confundia e impressionava.
-Entendi, e Murilo o que você sabe referente um grupo chamado de purifica dores?
Murilo coçou os cabelos já metade brancos, pensou bastante sem entender nada da pergunta que seu irmão fizera.
-Bem não importa Murilo, são apenas sensações e perguntas sem respostas, me diga como faço para chegar ate Nova Liberdade, com certeza la irei achar alguma coisa nova.
-Olha Gabriel, você acordou há poucos dias, não pode sair por ai tão rapidamente, além do mais hoje e quarta, haverá outra viagem apenas na segunda pela manha.
-Fico grato pela preocupação meu irmão, e me diga, de manha vi um pessoal preparando cavalos para uma viagem, estavam levando muito armamento, vão para algum lugar especifico?
-Eles estão indo para o oeste, para os lados de Goiás, eles vieram de Nova Liberdade, reabasteceram e descansaram aqui por um dia e vão para La, há alguns meses não recebemos noticias nenhuma da cidade que se situa por La, e não e um lugar muito bom de ir, dizem que la repousa uma antiga maldade.
Gabriel estatelou os olhos, um semblante veio à mente, visões antigas, sem senso de tempo ou lugar, alguém conhecido, o nome pairava sobre os pensamentos. Murilo percebeu algo errado no olhar de seu irmão.
-Ela e uma antiga bruxa, e que ela já foi do bem, só que hoje e serva das trevas, seus cabelos são vermelhos fogo e um olhar que jamais vou esquecer, parecia que via a lua nos olhos daquela maldita, apenas poucos sobreviveram quando tentamos explorar o território do Mato Grosso, procurávamos um lugar seguro para nos estabelecer, foi la que perdemos a mãe de Rebeca, nunca mais a vi depois disso.
-Esta decidido Murilo, irei à Nova Liberdade, e agora que já sabemos que boa parte dos acontecidos podemos procurar os outros pedaços do quebra-cabeça, não e isso Daniel, pode
descer do telhado agora e nos agrade com sua adorável companhia.
Murilo deu um salto do batente da casa já retirando sua faca, olhou para o teto, encontrou sua filha Rebeca, com facilidade a menina saltou e pousou de joelhos ao lado de seu pai. Murilo não entendia nada, por que seu irmano falou aquele nome, quem era Daniel, se apenas sua filha estava ali, seria possível, que loucura Gabriel estava dizendo. Gabriel ainda sentado no batente da casa comia uma maça que lhe fora oferecida minutos antes por Murilo.
-Ola criança, então você deve ser a minha sobrinha Rebeca, e já estou intrigado com você, não sei por que falei esse nome, foi instantâneo, só sei que tu eis um anjo de luz assim como eu, pelo menos e o que o Murilo ta dizendo.
Murilo e Rebeca trocaram olhares desordenados, como ele sabia tudo isso se não contaram para ninguém, apenas os dois e o Dr. Dagoberto sabiam de tal segredo que fora guardado a sete chaves por tanto tempo. Rebeca levantou e andou lentamente ate Murilo colocando a mão no ombro de seu pai.
-Achei incrível o que você fez, salvou muitas vidas, gostaria de lutar também, pena meu pai não ter o mesmo pensamento.
Murilo retira a mão de Rebeca de seu ombro e anda na direção de Gabriel decidido a argumentar tão problema com seu irmão. Gabriel saltou do batente desaparecendo do campo de visão de Murilo, indo para cima de Rebeca desferindo vários chutes e socos em velocidade incrível, a garota com agilidade desviou de todos os ataques, por fim dando um grande salto para trás, chegando a alcançar mais ou menos vinte metros do local anterior. Murilo ficou atônico, a um segundo Rebeca estava a seu lado e ne outro já estava do outro lado da casa, como ela correra tão rapidamente, ele havia dado apenas uns poucos passos e girado o corpo para visualizar seu irmão. Rebeca levantou com um largo sorriso no rosto.
-O que achou meu tio, eu apenas desviei dos seus ataques lentos e previsíveis, podia ter te pegado fácil.
-Não fique contente assim criança, você tem talento, basta aprender como utilizá-lo para seu próprio contento.
Gabriel saiu em corrida livre indo na direção da menina que logo se preparou para se livrar de nova tentativa se seu tio, um piscar e Gabriel desapareceu de seu campo de visão, Rebeca petrificada não conseguiu se mover, uma pressão no ar e sentiu apenas um leve baque nas duas pernas, não daria para fazer nada, fechou os olhos e sentiu seu corpo caindo e sendo amparado antes de cair no gramado. Gabriel sorriu para Rebeca que retribuiu a ação de seu tio que finalmente conhecera e de forma tão incrível. Murilo caiu de bunda no chão de terra, quem eram eles, não viu ou sentiu nada do acontecido, apenas os dois dando largas gargalhadas um para o outro. Gabriel olhou diretamente para Murilo.
-Bem ta decidido, irei para Nova Liberdade procurar respostas para esse enorme quebra-cabeça que foi construído na minha mente.
Murilo levantou e limpou as roupas com apresso.
-Ta certo, antes preciso te apresentar para os lideres da cidade , daí vai , dei sorte de me deixarem cuidar de você na minha casa. Você deve conhecer também o anjo de luz que nos protege aqui nesta cidade, seu nome e Klaus.


######################


O sol surge ao horizonte, uma semana passada, Gabriel termina de colocar suas coisas sobre o lombo do cavalo, teriam que ir desta maneira, o transporte motorizado fora danificado na ultima empreitada, buscariam material para arrumar o carro, para o rapaz estava de partida para Nova Liberdade em busca respostas e conhecimento, iriam de escolta o jovem líder de segurança da cidade Gedeon e seu grupo de patrulha formado por quatro homens experientes e acostumados com as dificuldades do mundo atual, com sorte chegariam ao destino em dois dias de caminhada, passariam as noites na mata, sujeitos a ataques e perigos, os animais vivem agora livres e selvagens na procura por alimentos e sobrevivência. Por decisão do conselho de segurança, Rebeca ficaria na cidade juntamente com seu pai Murilo, depois de muitas brigas e insistência de Gabriel e do doutor Dagoberto o convenceram a ficar e proteger a cidade ate a volta de Gedeon e dos demais. Gabriel se despede de seu irmão Murilo que lhe entrega uma espada feita pelo seu avô a muitos anos , da um forte abraço em Rebeca chegando a levantar a menina nos braços , os poucos dias passados com sua família já trazia saudades e novas lembranças , a menina sempre alegre agradece com o já característico sorriso e lágrimas nos olhos .. Os homens sobem nos seu cavalos indo na direção do portão principal da cidade já aberto, Gabriel retira uma folha de papel do bolso, da à volta com sua montaria e entrega o papel para Rebeca, sai em corrida com seu cavalo ate ficar lado a lado com Gedeon.

Duas horas de caminhada de caminhada, os homens conversam animadamente, um a um iam relatando suas experiências e causos ocorridos nessa nova fase da historia, Gabriel sempre bem humorado ouvia os comentários empolgados, a paisagem estava muito diferente e radiante, a floresta tinha nova vida fluindo por todos os cantos, o ar mais límpido, as plantas mais vigorosas, tudo estava mais deslumbrante.
Passa do meio dia, o comboio chega a uma pequena clareira e logo ao lado um pequeno lago, decidem montar acampamento para o almoço, a fome já batia nas costas. Alfonso, o mais jovem entre todos, um rapaz de pele morena, um metro de setenta e cinco aproximadamente, cabelos negros e crespos desmonta de seu alasão, retira a sela do animal levando-o ate o lago para matar a sede, logo foi acompanhado por Josias, um homem de meia idade, negro, de cabeça raspada e Álvaro, branco feito leite, cabelos negros escorridos e cavanhaque para o pequeno lago com os demais cavalos, os três mantinham a conversa bem animada. Marcondes, um homem já de idade avançada, pele morena clara, cabelos brancos e utilizando óculos, logo se adianta para preparar a comida, Gedeon e Gabriel rapidamente pegam alguns gravetos e montam uma pequena fogueira. Gabriel retira as botas que já apertavam os pés, foi ate uma arvore a direita do acampamento, se acomoda e deita na sombra da arvore para se proteger um pouco do sol incandescente. Minutos de tranqüilidade e calmaria, Alfonso senta ao lado de Gabriel o acordando, lhe entregou um prato caprichado de comida, logo Gabriel pegou o prato demonstrando o já característico sorriso que todos já estavam se acostumando.
-Vamos Gabriel, o rango do Marcondes e muito gostoso, no passado ele foi muito famoso, já teve ate um programa de TV, eu sempre acompanhava.
Alfonso come com gosto ate limpar a ultima migalha de seu prato e logo depois deita na sombra da arvore satisfeito.
-Sabe Gabriel, não tive a oportunidade de conversar com você antes, mas eu estava la naquela noite e foi incrível o que você fez.
Gabriel apenas olhou para Alfonso dando um discreto sorriso, continuou a comer calmamente ate limpar o seu prato , levantou , pegou o prato de Alfonso indo ate o pequeno lago, lavou as peças com cuidado e logo foi ate Marcondes lhe devolvendo os pratos já limpos, fazendo vários elogios ao cozinheiro. Gabriel voltou a arvore onde Alfonso repousava, pegou suas botas e as calçou.
-Olha meu amigo, eu não sei bem ainda como fiz aquilo tudo, um poder que não conhecia me ajudou a derrotas os inimigos, por isso vou à Nova Liberdade, saber por que ganhei esse dom ou uma grande maldição.
Alfonso fumava um cigarro de palha, surpreso apenas apeou a cabeça sem dizer uma única palavra, apenas observava a paisagem.

Passado de cinco e meia da tarde, a caminhada continuava em ritmo acelerado, Gedeon sugere para procurarem um local seguro para montar acampamento e passar a noite que já se aproximava. Os homens prendem os cavalos numa pequena clareira, conversam rapidamente e decidem dividir-se em grupos de duas pessoas e partem em diferentes caminhos. Gabriel e Álvaro procuram por mais de vinte minutos, chegam a uma pequena caverna escondida entre os arbustos, averiguam o local com cautela, Álvaro e Gabriel foram ate o fim da caverna, nenhum problema foi encontrado no percurso.
-Meu camarada, esse lugar vai servir, tem espaço pros cavalos, só precisamos cobrir a entrada com alguma coisa pra garantir.
Minutos depois voltaram ao local de encontro dando a noticia do que acharam, decidido, foram rapidamente para a caverna encontrada, a noite já caia sobre todos, rapidamente acomodaram os cavalos, fechando com pedras a entrada da caverna. A noite já estabelecida, Gabriel fica cada vez mais impressionado ao ouvir a sinfonia que vinha da floresta. Prepararam uma escala de vigia durante as horas sem sol, Gabriel foi o primeiro a ficar acordado e fazer a segurança.

Logo as horas de escuridão acabariam Josias mantinha os olhos e ouvidos bem abertos, apesar das varias viagens tornarem rotina o medo sempre o atingia em alguns momentos, inquieto fez o percurso de ir ate a entrada e retorna por varias vezes, na ultima volta escutou um barulho anormal, verificou tudo ao redor, não visualizando nada na escuridão, acalmou-se e voltou para perto de seus companheiros, sentou numa pedra e repousou seu rifle ao lado , os pés doíam , retirou as botas e percebeu enormes bolhas que se formaram na sola de seus pés. Josias retirou sua faca do sinto, com pericia cortou a bolha do pé direito, o pus escorreu para todos os lados por fim criando uma fina lamina de sangue. Um estrondo fez Josias ficar em alerta, aferrou no seu rifle, meio cambaleante, foi na direção da entrada, o pé ardia bastante, angustia e o medo povoava sua mente, podiam ser demônios procurando refugio para as horas de sol que em instantes apareceria no horizonte. Chegou à entrada e percebeu um enorme buraco na parede de pedras feita para cobrir a entrada da caverna, com cautela saiu da caverna, averiguou todo o local não encontrando nada de anormal. Com os pés descalços Josias tinha grande dificuldade para caminhar entre as pedras, deu mais alguns passos e a bolha do pé esquerdo implodiu jorrando sangue abundante pelo chão sentou na entrada da caverna, cortou um pedaço de sua camisa, enfaixou o pé coberto de sangue pegou seu rifle e se ergueu com dificuldades, virou para a entrada, ouviu um rosnado, um vulto, Josias apenas sentiu uma forte mordida na sua perna direita, caiu de costas no chão aos berros, apertou o gatilho de seu rifle e disparou varias vezes contra seu agressor. O grupo acordou assustado, Gedeon correu rapidamente na direção da entrada, logo em seguida Gabriel pegou sua espada e também se dirigiu para o local do barulho, instantes e saíram da caverna, uma onça enorme mordia a coxa de Josias que tentava desesperado se livrar do animal desferindo vários golpes com o cabo de seu rifle, uma segunda jazia sem vida no chão cravada de balas, uma terceira apenas observava do topo de uma pedra. Gedeon retirou uma pistola magnum da cintura efetuando vários disparos contra a cabeça do animal que atacava Josias ate ele tombar sem vida na areia. Gedeon correu e pegou o Josias pelos braços puxando seu corpo para a entrada da caverna, a terceira onça rosnou e saltou perigosamente perto de Gedeon, Gabriel tomou a frente com sua espada embainhada, flexionou os joelhos, com agilidade desferiu um potente golpe contra o focinho do animal que caiu desacordado no chão. Gedeon desesperado tentava conter o sangue da ferida na coxa de Josias que jorrava por todos os lados, Gabriel retira a blusa, ajoelha ao lado de Josias pressionando o corte colocando o tecido em volta da perna, Álvaro também chega ao local ajudando a pegar Josias e levá-lo para dentro da caverna.

Álvaro e Alfonso ficam com suas armas em punho e atenção redobrada na entrada da caverna, em poucos instantes o sol mostraria sua beleza e também o momento em que os guerreiros da noite procurariam abrigo para as horas de sol. Gabriel corre pelas redondezas da caverna pegando gravetos e pequenos pedaços de madeira e preparado uma fogueira, Josias sentia muitas dores, a ferida não parava de jorrar sangue aos montes, teriam que estancar o sangramento rapidamente ou o homem poderia morrer de hemorragia. Gedeon flexiona a ferida com cuidado e depois de dez minutos finalmente consegue parar o sangramento da coxa de Josias. Gabriel apenas observava, era impressionante, apesar da ferida ser seria, a onça por algum motivo não conseguira arrancar um pedaço da perna de Josias, apenas cortá-la profundamente, sempre ouvira historias relacionadas.

Marcondes com frieza decide pegar uma grande linha de pesca que sempre carregava na sua mochila, retira também uma garrafa de pinga entregando para Gedeon, o homem bebe um bom gole da bebida e passa para Josias que sorve grande parte do liquido. Marcondes pegou a garrafa e jogou a linha de pesca dentro do recipiente sacolejando-a por vários momentos, em seguida retira sua faca, pega o anzol por uma ponta atingindo o outro lado com o cabo da faca fazendo o metal ficar reto, jogando o material também na garrafa. Em momento oportuno Josias caíra na inconsciência, Marcondes retira a linha da garrafa e a enrola numa das pontas do anzol, com calma vai ate sua mochila e retira uma segunda garrafa, retira a tampa e joga aos poucos na ferida da coxa de Josias, respira fundo tomando de uma vez o restante do liquido que sobrara na garrafa. Calmo pega a ponta livre do anzol e coloca por alguns instantes na fogueira feita por Gabriel há algum tempo, sem pestanejar começa a enfiar o anzol contra a carne da coxa de Josias, com habilidade faz vários pontos similares fechando a ferida quase que por completo.

Os primeiros raios de sol despontam no horizonte, Gedeon, Gabriel a Alfonso galopam com seus cavalos, teriam que correr, a alguns quilômetros encontrariam uma antiga cidade, la procurariam transporte para Josias, o tempo tornou-se vital, mais uma noite fora das muralhas seria fatal com o ferimento de Josias exalando sangue por ai. Álvaro caminha dando passos largos carrega consigo alguns cantis cheios de água, Josias mantinha uma febre alta, teriam que abaixá-la rapidamente ou o pior poderia acontecer, chega à entrada da caverna sendo recepcionado por Marcondes, o velho homem pegou uma camisa extra na mochila, rasgou o pano ao meio e encharcou as peças, colocando uma parte na testa de Josias e a outra peça pousou sobre seu peito.
-Me diga velho, ele acordou em algum momento que estive fora?
-Ainda não Álvaro, o bom que a febre já baixou bastante, ele vai sobreviver por hoje,
espero que Gedeon e os outros consigam trazer transporte, apesar de não gostar daquele lugar.
Álvaro retira suas botas e as coloca de canto perto da fogueira para enxugá-las
-Ta certo velho, aqueles malditos vivem bem perto da cidade, nunca ouvi dizer que algum humano sobreviveu naquele lugar nas horas de noite, Gedeon esta maluco de arriscar ir ate la, apenas a morte vive ali.
-Sei bem Álvaro, e difícil, confio neles apesar de tudo, eles precisam voltar, além do mais tem aquele cara, quem sabe ele seja poderoso como o Klaus, ele pode trazer todos de volta com vida.
Marcondes pega um pedaço de pau e atiça o fogo, labaredas finas sobem pelas paredes da caverna fazendo fumaça.
-Álvaro fique de olho, preciso recolher algumas ervas para o ferimento de Josias, logo ele acorda ai da um pouco dessa sopa que esta no caldeirão.

Gabriel e os demais chegam aos arredores da cidade fantasma, por precaução decidem deixar os cavalos e seguirem a pé, o cheiro do local e nauseante, restos de ossos aparecem por todos os lados em raios de metros, Gedeon retira sua arma e solicita para os demais fazerem o mesmo, o clima tenso e assustador deixa os homens em alerta, jamais Gedeon pensaria em retornar naquele local maldito onde contemplara diversas atrocidades. Gabriel aproxima um pouco ficando do lado do Alfonso.
-Que lugar horrível e esse, não consigo respirar direito, aqueles demônios estão aqui por perto.
-Existe uma caverna há dez minutos, os desgraçados têm um grande covil nela , deve haver um numero incalculável de sangue sugas , tentamos atacá-los diversas vezes, o lugar e um formigueiro, dizem que há um grande numero de pessoas cativas na caverna que antigamente era uma mina de diamantes famosa, também por isso não sabemos a extensão total, ate onde cavaram na pedra.
Gedeon e os demais passam cautelosos pelas ruas, encontram alguns estabelecimentos, tudo vazio ou quebrado, Alfonso avista uma antiga loja de armamentos.
-Gedeon irei verificar o lugar, talvez encontre algo de valia para nos ajudar.
-Tudo bem, façamos o seguinte, Gabriel vá para o norte, eu vou pro leste, nos encontraremos junto aos cavalos em meia hora.
Os homens trocaram olhares e cada um seguiu para um lado.

Alfonso adentrou o prédio com cautela, o local totalmente queimado o deixa um pouco vacilante, procura as janelas abrindo espaço para a luz adentrar, averigua um velho balcão sem sucesso, da alguns passos e a madeira podre se rompe com o peso de Alfonso, sem reação sente seu corpo cair e bater forte contra o chão, a poeira sobe fazendo Alfonso tocir varias vezes, rapidamente levanta seu rifle e gira o corpo por todos os lados, o medo repentinamente sobre voou seus pensamentos, as costas doíam bastante, tocou nas costelas e a dor foi sufocante, fez esforço pra puxar um pouco de ar para os pulmões, o mau cheiro dificulta ainda mais, acalmou-se um pouco retirou um isqueiro do bolso, rasgou um pedaço de sua camisa, quebrou um pedaço da madeira podre que jazia no chão de areia improvisando uma tocha percebeu que se tratava de um como do subterrâneo ao iluminar as paredes, a sua direita contou cinco caixas lacradas a cadeado, recostou a tocha num pequeno buraco na parede , operou sucessivos trancos com o cabo de seu rifle num dos cadeados enferrujados que logo se rompeu , retirou a tampa e um largo sorriso veio ao rosto, encontrou diversas granadas no caixote, com esforço e muitas dores conseguiu retirar uma caixa de cima da outra deixando todas no chão de areia lado-a-lado, destruiu os cadeados restantes com agilidade. Surpreso encontrou uma submetralhadora e um lança foguetes com duas cápsulas, tendo ainda balas do calibre da arma que carregava consigo, com apresso pegou todas as granadas e colocou na sua mochila, pegou o lança foguetes pela alça levando aos ombros, fazendo o mesmo com a submetralhadora, retirou as balas do mesmo calibre de sua arma do caixote e as enfiou nos bolsos da calça. Dez minutos de esforço Alfonso finalmente sai do prédio carregando novos armamentos.

Gabriel chega ao local combinado com as mãos vazias não achara nada de útil, Alfonso comia algumas frutas sentando na sombra de uma arvore, logo que vê Gabriel acena com a mão, o rapaz empolgado contas as novidades. Gedeon caminha pelas ruas desertas com calma e atenção, o vento sopra leve, passa por outra rua, um barulho de portinhola batendo vem aos ouvidos, Gedeon vai ate a entrada da casa, a esquerda se depara com uma velha caminhonete enferrujada, adentra o terreiro da casa e vai para os fundos, com dificuldade abre uma grande porta de metal, o cheiro de óleo e mofo e nauseante, retira sua lanterna do sinto e ilumina o local, vê alguns carros, um tanque e diversas ferramentas espalhadas pelo chão. Anda lentamente averiguando todos os cantos, um passar de luz, um ronco, após um arrastar chama a atenção, Gedeon segura firme no seu rifle, coloca a lanterna na boca fazendo mira, um calor, ansiedade, os dedos das mãos soam aos montes, a jaqueta repentinamente aproxima perto do pescoço, um bolo de saliva incomoda a garganta, um ranger no metal, aproxima-se cauteloso do tanque, puxa o ar com as narinas pros pulmões, ilumina o local, um vulto salta pra cima do rapaz, assustado cai de bunda no chão largando a lanterna, algo gélido e cumprido passa pela sua mão, apavorado puxa o dedo no gatilho de sua arma efetuando vários disparos contra o chão de areia levantando poeira, girou o corpo voltando a ter a lanterna em mãos, voltou a iluminar, vários ratos fugiam pela porta de metal, aliviado se viu rindo dele mesmo por tamanha demonstração de medo. Gedeon deixa a casa encostando a portinhola de madeira, andou alguns metros de cabeça baixa, não encontrara nada, torcia para que os demais tivessem êxito, cada instante a situação complicava-se, retira um antigo relógio de bolso da calça surrada, passam das oito e meia da manha, voltaria para o local de encontro, andou pensativo alguns metros, o vento soprou ligeiro fazendo seu garboso chapéu de palha voar pelos ares, nervoso correu atrás do apetrecho ate recuperá-lo, estranhamente olhou para a sua frente, deparou com o antigo Hospital Central, um estalo , ali encontraria o que tanto procurava , foi ate a entrada, deu a volta indo para os fundos do prédio, um pequeno cômodo totalmente lacrado, virou seu rifle e bateu com o cabo na fechadura, um único golpe e o ferro desmontou, a porta escancarou um cheiro acre e mal cheiroso veio às narinas, Gedeon nauseante foi num canto e vomitou fartamente, gritou alguns palavrões ao vento, limpou a boca, tossiu varias vezes cuspiu no chão de areia. Alguns minutos e adentrou pela porta, colocou um lenço no rosto pra proteger um pouco do forte cheiro exalante, sabia, um carro de limpeza estava encostado de canto entupido de lixo hospitalar, Gedeon colocou o rifle pela alça nas costas, retirou os sacos de dentro do carro jogando de lado, vazio retirou o carrinho do cômodo, verificou os pneus, ficou satisfeito, estavam em ótimo estado, meio que inconsciente foi ate o lado esquerdo do pequeno quarto, encontrou uma mangueira, girou o registro, surpreso deixou a mangueira cair, a água jorrou pelo chão, lembranças, fleches salteavam pela mente, o passado refugia contente jogou o jato de água no carrinho limpando um pouco de ferrugem, aliviando o mau cheiro.

Gabriel caminha de um lado para o outro impaciente, hora e outra sentava do lado de Alfonso puxando conversa, o tempo não para de correr e as revelações de seu companheiro, apenas aumentava suas angustias. Gabriel aguçou os ouvidos, um tropel de cavalo, olhou para a direita , finalmente Gedeon retornara , torcia por boas noticias , logo a empolgação murchou , percebeu que também estava de mãos vazias. Gedeon deu um salto do cavalo bem próximo de Gabriel, chamou Alfonso com seriedade.
-Tiveram sorte meus amigos?
Gabriel abaixou a cabeça, Alfonso colocou a mão direita no ombro do rapaz dando um sorriso de satisfação.
-Eu achei alguns armamentos legais naquela loja, estavam escondidos.
Alfonso retirou umas duas granadas da mochila mostrando para os demais e ainda contabilizou o restante que trouxera consigo. Gedeon pegou uma das granadas na mão.
-Será que esse troço ainda funciona ta tudo enferrujado.
Alfonso matreiro pegou a granada da mão de Gedeon, retirou o pino de proteção e a jogou o mais longe possível, a peça bateu no chão e no segundo toque explodiu arremessando areia para os ares, extasiado o rapaz pulava e gritava pelo sucesso de sua empreitada.
Gabriel repousou a mão sobre o ombro de Gedeon.
-Você encontrou algo útil?
Gedeon sorriu alegre fazendo positivo com a cabeça tornando a olhar para a festa que Alfonso fazia com sua pequena peripécias.
-Fui ate o antigo Hospital Central, encontrei um daqueles carrinhos de lixo em perfeito estado, vai servir o problema que teremos que trazer o Josias de cavalo ate aqui, perderemos muito tempo se o levarmos agora.
O estômago de Gabriel embrulhou um sentimento frio e ruim, foi ate uma arvore próxima e recostou na sua raiz.
-Quanto tempo levará ate Nova Liberdade gastamos duas horas ate aqui e pra trazer nosso companheiro ferido e provável que leve o dobro do tempo.
Alfonso e Gedeon perderam o sorriso no rosto, por um instante a euforia atrapalhara os pensamentos, Gedeon aproximou da arvore e sentou ao lado de Gabriel.
-Ha cavalgada estamos a quatro horas da muralha, acredito que com umas seis horas daqui chegaremos.
Alfonso assentiu com a cabeça a afirmativa, já Gabriel levantou do pé da arvore.
-Não vai dar, esses monstros vão nos pegar, ouvi historias que eles são extremamente velozes e silenciosos, imagino que em umas duas horas eles devem chegar ao pé da muralha.
Alfonso e Gedeon trocaram olhares, como ele sabia tanta coisa, estava acordado há cinco dias, a frieza corrompia e amedontrava.
-Irei destruí-los aqui, voltem e tragam nosso companheiro, tenho algo em mente, encontrei um velho banco e um cofre enorme, la os pegarei.
Alfonso boquiaberto ficou espantado com a segurança e calma das palavras de Gabriel, um estalo e a idéia clareou a mente.
-Gabriel também ficarei, tenho uma boa idéia para ajudar, Gedeon volta sozinho. Gedeon espantado com tudo aquilo pegou seu alazão, Gabriel disse algo em seu ouvido, o rapaz saiu em galope sem dizer palavra alguma, a decisão estava tomada.

Marcondes prepara um novo coquetel de ervas, Josias a pouco consciente tomava um pouco de sopa oferecida por Álvaro, o velho homem deixa as ervas de canto, pega os cantis de água vazios e vai deixando o fundo da caverna andou alguns metros, um tropel de cavalo soou como melodia aos ouvidos. Gedeon desce do cavalo apressado , prendeu o animal numa arvore , chamou o velho homem e voltaram rápido para o interior da caverna, com calma explicou a situação que deparavam no caminho. Álvaro abriu um sorriso ao ver seu amigo adentrando a caverna. Gedeon angustiado aproveitou por Josias estar acordado e explicou a todos a delicadeza da situação. Depois de discursos ferozes, Josias final convenceu a Marcondes que iriam que qualquer maneira, com esforço e a ajuda de Álvaro o homem ferido bravamente levantou e foi saindo da caverna. Marcondes pegou sua mochila e foi
atrás dos demais, Gedeon e Álvaro colocaram seu companheiro no lombo do cavalo, o
velho Marcondes iria no mesmo animal para manter a segurança de Josias. Gedeon pega outro cavalo pelo estribo e adentra a caverna, fica alguns minutos, Álvaro chegou a descer de seu animal para ver o que ocorreu, um tiro repimpou do interior da caverna assustando a todos, Gedeon saiu da caverna sem dizer uma palavra, carregava apenas nas mãos os panos sujos de sangue que foram utilizados para conter o sangramento e os curativos da ferida de Josias.

Gedeon e os demais finalmente chegam aos arredores da cidade fantasma, haviam demorado mais tempo do que previsto, olhou em seu relógio de bolso, já iam duas e meia da
tarde, tiveram que parar varias vezes para Josias descansar. Alfonso esperava a chegada dos demais na entrada da cidade , quando os avistou no seu campo de visão foi ao encontro dos demais , com detalhes explicou a situação, o carro que serviria de transporte para Josias estava pronto do outro lado da cidade, sem demora Gedeon levou seus companheiros ate o outro lado, Gabriel os esperava.
-Meus amigos, espero que Josias esteja bem?
Gedeon desceu de seu cavalo, acariciou o lombo do animal com carinho.
-Fiz tudo que pediu, eles vão sentir o cheiro do sangue e os vestígios que deixei, eles correrão para diretamente ao local.
Marcondes e Álvaro sem demoras acomodaram Josias no transporte, o grupo conversou alguns minutos, deram água aos cavalos e logo partiram a caminho da muralha, apenas Gabriel e Alfonso ficaram para cumprir o plano e dar tempo aos demais ate chegarem ao destino.
Capitulo 8


Uma noite calma e serena, já passam das seis e meia da madrugada, Murilo estava em seu dormitório, seu turno acabara a meia hora, havia esperado mais um pouco, ver o nascer do sol era uma injeção de animo e esperança, repousou sua arma nos pés de sua cama retirou as botas e sem pestanejar jogou-se na cama caindo em sono profundo, o cansaço abatia o corpo e a mente depois de insensatos três dias ininterruptos de trabalho.


O Sol já vai alto e imponente, uma leve brisa balançava a cortina deixando os raios de luz atravessar as janelas e tocarem o rosto de Murilo, logo incomodado colocou a mão no rosto protegendo-se um pouco da luminosidade, olhou para a cabeceira da cama e la estava Rebeca, seu anjo, sua querida filha lia um livro, assim que percebeu seu pai acordado aprontou um rápido e rasgado sorriso e continuo sua leitura. Uma linda morena com aproximadamente um metro e setenta, olhos azuis lembrando o céu, eram iguais aos de seu irmão, o mesmo sorriso inocente.
Murilo levantou e foi para o banho, deixou Rebeca no quarto lendo com muita empolgação, o homem decidiu não atrapalhar, depois contaria a ela sobre o ultimo combate, sempre era assim, depois de uma batalha Rebeca repousava na sua cama a espera de detalhes da contenda e que seu pai estivesse bem e sem ferimentos. Após o banho Murilo com a toalha no pescoço secando os cabelos parou na porta do quarto admirando Rebeca por um longo tempo, os anos passavam rapidamente, no próximo dia sua querida filha completaria dezoito anos, uma mulher crescida, Murilo pega o relógio na poltrona, passavam das cinco e meia da tarde, estava quase no horário, pegou sua camisa e foi saindo do quarto sem dizer uma palavra.
-Oi, não vai me contar como foi ontem senhor Murilo.
O homem se vira sorrindo e termina de colocar sua camisa, se aproxima da menina e lhe lasca
um beijo molhado.
-Senhor é bem minha criança mais tarde hoje poderei ver meu irmão, amanhã e um grande dia, quem sabe poderá vê-lo também no seu aniversário.
Rebeca saltou da cama abrasando o pai com força, abriu um belo sorriso, ela sempre pedia ao pai para ver o tio em coma no Hospital, mas o não se tornara corriqueiro.

Murilo sai da casa dando passos largos, atravessa um longo jardim florido com todos os tipos de flores nativas, passa pela praça e chega ao Hospital geral da cidade, entra rapidamente e chega ao elevador sendo escoltado por um segurança, Murilo era bastante conhecido. Conta os andares, o sétimo subsolo era seu destino, chega a uma pequena sala onde se paramenta com uma roupa especial própria para cirurgia, para evitar a contaminação do ambiente, encosta os olhos num aparelho de leitura de retina e é liberada sua passagem, Murilo vai direto ao terceiro tanque sem dizer palavra alguma, sempre é um momento complicado e emocionante, toca no vidro blindado e as lágrimas jorram aos montes, fica ali por vários minutos, fazia três meses que não via o semblante de seu irmão que não mudou um milímetro desde que aconteceu o fatitigo acidente, com um ar de inocência conta as diversas historias que fez parte nos últimos meses, fala também de Rebeca, meia hora depois Murilo e convidado a se retirar. Na volta à sala de paramentação estava sendo esperado por um senhor vestido todo de branco, logo reconhecido por Murilo, era o doutor Dagoberto, um velho de cabelos brancos crespos e óculos.
-Dagoberto, como esta meu amigo, alguma novidade?
-Murilo, tenho sim, falei com o com o conselho de segurança e eles liberam só que e por apenas cinco minutos, o bastante para vê-lo com mais atenção.
Murilo aperta a mão do medico em agradecimento, voltaria para casa e contaria as boas noticias para sua filha e prepará-la para o momento.

Socorro, socorro, meus braços não movem, essa luz nos meus olhos, asas um anjo estou flutuando, não é água, minha garganta dói, não consigo fechar a boca uma mangueira me impede e minhas pernas não as sinto. Um sonho, e isso, mais um sonho estranho, meu irmão, sinto sua presença ele tem lágrimas nos olhos e esta tentando me tocar, algo obstrui suas mãos, por que, onde estou não agüento mais.

Por que isso, não consigo abrir os olhos, estou morto, meu corpo não responde, o que é isso, quem é, meu irmão, Murilo, Murilo, e essa aura celestial, já senti esse poder antes, essa paz interior. Uma sensação inexplicável surgiu em sua mente, um cheiro inconveniente e pútrido pairava por todos os lugares deixando um ar de apreensão, tentou acalmar-se e avaliou o cheiro, chegou à conclusão que era algo queimado ou podre, as trevas estavam chegando bem perto. O sangue ferve, as forças multiplicam em velocidade surreal, protegeria a todos, seu irmão querido Murilo e a Ariel, estranho esse nome não saia à cabeça, não entendia, não conhecia esse nome, o cheiro ficou mais forte e insuportável para respirar, mexe os dedos da mão direita e abre os olhos quebrando sua aparente prisão de água, sabia que seu irmão Murilo estava a sua frente, apesar de estar mais velho e um semblante amargurado e triste, toca-lhe os ombros e retira o tubo e uma mascara que estava em sua boca, olha para a direita e da um pequeno sorriso com satisfação para uma bela menina que não era estranha, surpreso foi pego por outro sorriso que veio da mesma menina, em seguida averigua o local com cuidado e sai em corrida livre, abre a porta do elevador com facilidade e sobe pelos cabos de aço rapidamente, instante de escalada e vê linhas de claridade, abre outra porta e continua sua corrida saindo do complexo, percebe um barulho de sirene e muitas pessoas correndo por todos os lados, precisava de uma arma, sua espada, aquela que ganhara de aniversário de seu avô bastaria, mas onde acharia ela naquela hora e principal em lugar tão estranho. Olhou para a direita e se deparou com um grande museu, podia achar alguma coisa útil ali, logo que entrou no prédio encontrou uma estátua revestida com roupas de samurais, na parede varias armas de utilidade, pegou duas e dirigiu-se para fora do prédio, logo que saiu percebeu um grande portão e uma escadaria que subiu agilmente ate o topo, vários holofotes estavam virados para um imenso gramado de grama rasteira, chegou a imaginar mais ou menos cinqüenta metros de altura do chão, não haveria problemas, deu um salto pegando todos que o olhavam surpresos, pousou no gramado e foi na direção de vários pontos vermelhos que vinham da mata a frente, um instante e já estava cortando corpos e cabeças por todos os lados. Cinco minutos de combate e todos os adversários padeciam mortos ou agonizantes no chão, um cheiro acre e fétido exalava de seu corpo revestido de sangue coagulado, um tremor e o guerreiro cai de joelhos apoiando as duas espadas no gramado, o corpo formiga, cansaço, dor e alivio um leve sorriso e um potente grito é ouvido por todos, o guerreiro ergue uma das espadas para o ar, sem forças cai inconsciente.
Rebeca estava apreensiva, passam das cinco e meia da tarde, o dia fora todo maravilhoso por parte de seu pai e amigos, mas era evidente o desejo da garota. Saem de casa indo para o complexo hospitalar por volta das seis horas da tarde, Murilo não gostou do horário por causa da noite eminente, mas foi convencido por sua filha depois de muita insistência. Momentos intermináveis que deixavam Rebeca mais e mais impaciente, nunca havia visto seu tio que estava em coma as tantos anos pessoalmente, apenas por fotos e historias sobre ele, um êxtase era expresso em sorrisos e perguntas empolgadas. Depois da paramentação finalmente chegaram ao elevador, Murilo pega a mão de Rebeca e vão à direção do terceiro tanque onde estava Gabriel. Murilo emocionado aproximou primeiro e tocou o vidro, Rebeca estava um pouco intimidada, mas logo observou de perto o rosto de Gabriel, chegou a perguntar ao seu pai, o rosto de seu tio estava inacreditavelmente idêntico as fotos que vira ate então. Uma paz e calmaria inundavam seus pensamentos, sentia que conhecia aquela pessoa há muito tempo e profundamente, aproximou e também tocou no vidro ficando petrificada ao ver os olhos de Gabriel abertos e brilhantes como a lua, a menina escorregou e caiu de bunda no chão contemplando o tanque de vidro ser destruídos em vários pedaços, tocou os ombros de seu pai que estava estático e desferiu um belo e inocente sorriso para Rebeca que retribuiu a altura mostrando os dentes para seu tio que nunca vira e agora estava ali a sua frente, o momento mais estranho vivido por ela, Gabriel sai em corrida livre saindo do campo de visão de Rebeca que logo levantou e olhou na direção que seu tio correra vendo apenas a porta do elevador aberta. Procurou por seu pai que logo saiu do transe e correu na direção do elevador externo, apertou varias vezes os botões e a porta abriu, o doutor Dagoberto tentava sair quando Murilo entrou com emergência no elevador segurando o medico pelo braço, Rebeca também correu e adentrou antes da porta fechar. Murilo tentava explicar alguma coisa dos acontecimentos incríveis de instantes atrás ao medico e amigo, mesmo sem entender, no momento que chegaram ao térreo à sirene de alerta estava tocando, em momento tão inoportuno os demônios estavam chegando, Murilo ficava mais pensativo ainda, geralmente os ataques aconteciam de uma a duas vezes no mês, mas quatro dias depois e na hora que estranhamente seu irmão havia acordado. Murilo corre em direção dor portão central sendo seguido pelo medico e por Rebeca. Cinco minutos e chegaram ao local, subiram às escadarias, Murilo comenta com Dagoberto que estava tudo muito silencioso, não estavam atirando. No topo da escadaria estava o comandante de defesa, um homem jovem, por volta de vinte e cinco anos, olhos verdes, por volta de um metro e oitenta de altura, cabelos loiros escorridos e pele clara, atendia pelo nome de Gedeon.
-Gedeon, foi dado o alerta para atirar a vontade, por que não estão fazendo isso, eles vão entrar e nos destruir.
-Murilo, não, veja isso, tem um de nós la embaixo, ele saltou daqui onde estou é inacreditável, ele já matou vários demônios e continua lutando.
Murilo chega ao batente, vários holofotes iluminavam o local do combate, apertou os olhos e percebeu que o guerreiro estava sem camisa, sabia que era ele, seu irmão Gabriel, tinha certeza, pegou uma arma de um soldado e começou a descer as escadas.
-Gedeon eu vou sair, avisa eu vou sair, temos que ajudá-lo agora.
Gedeon rapidamente desceu as escadas indo atrás de Murilo chamando alguns homens para acompanhá-los na empreitada, dava instruções a todos ate chegar ao portão principal, um alerta contra um ataque surpresa. Murilo passa correndo pelo portão indo em direção ao combate, dois minutos e os homens chegam perto do local, o cenário e extremamente desagradável, sangue negro podre coagulado e pútrido é visto por todos os lados, cabeças separadas de corpos carbonizados e estranhamente avermelhados, algo como ferrugem em pó formando vários montes, ninguém jamais vira algo impressionante assim antes, estavam maravilhados e confusos ao mesmo tempo. Ao menor sinal de movimento os soldados atiravam sem piedade terminando com a existência dos demônios sobreviventes para não ocorrer alguma surpresa desagradável que coloca-se alguém em perigo. Murilo chega ao centro da batalha e depara com Gabriel de joelhos segurando duas espadas aplicando um ultimo golpe contra um demônio, seu corpo estava coberto de sangue coagulado negro e mal cheiroso, tenta aproximar um pouco mais e vêem aos ouvidos um forte e imponente grito vindo de seu irmão que levantou uma das espadas e logo em seguida tombou no chão inconsciente.